O segredo de Florêncio. (Parte 1)
Há
alguns anos atrás, em uma casa grande, mais se parecia com uma mansão, com
muitos quartos, muitos salões; vendo-a de longe era um enorme castelo de cor marrom
claro quase caramelo, rodeada por enorme e sombrio bosque, de arvores compridas
que quando caiam as folhas á noite á luz da lua iluminadas faziam danças na
sombra como um balé de fantasmas, ao vento. Morava um casal e seus dois filhos;
a mãe chamava-se Valentina, era uma bela jovem com seus trinta e cinco anos, tinha
uma pele macia e clara, cabelos escuros, olhos cor de um lago azul iluminado à
luz do sol; seus lábios eram naturalmente rosados, seus gestos muito leves como
de uma princesa da Inglaterra, sua voz sempre branda, como a brisa leve e calma
que confortava a todos que a ouvissem. O pai por nome Damião parecia um príncipe,
vestia-se sempre com um casaco de pele; muito bonito tinha cabelos amarelos
como o puro mel, seus olhos eram escuros como duas jabuticabas maduras, tinha
uma voz grossa, às vezes muito assustadora, usava um chapéu sobreposto à testa
que quando curvado o pescoço seus olhos escondia. Os filhos de suas entranhas,
eram estranhamente uma mistura dos dois um tinha por volta de seus sete anos de
idade, chamava-se Antony um pequeno menino franzino de cabelos castanhos claro,
seus olhos detinham cores diferentes, de um lado de sua face, o direito era
verde, do outro, o esquerdo cor de mel. Ângela, a menina, tinha por volta de
seus cinco aninhos, era calada, sua face sempre fechada, parecia não gostar de
nada, seus cabelos eram estranhamente parecidos com de seu irmão, um pouco
cumpridos, os olhos eram a Xerox do irmão e seus lábios haviam sido doados
pelos genes de sua amada mãe.
Um
dia eles receberam uma carta que vira em papel antigo com marcas de dedos, escrito
aparentemente à mão com tinteiro de pena, estava enrolado como um pergaminho e
amarrado com fita de cetim de cor verde musgo, foi entregue pelo carteiro que
vinha muito pouco á mansão, o casal não recebia muitas correspondências. Valentina
foi quem o recebeu:
--Veja
Damião uma carta de seu tio Florêncio! Não o vemos há tantos anos!
--O
que diz meu velho tio?
--Está
escrito aqui:
“Meus caros sobrinhos;
Sei que vocês não têm muito tempo para
visitar seu velho tio, por isso não os culpo pelos anos sem virem até Montanhópolis,
mas saibam que eu solicito a presença de vocês para um ultimo jantar de
despedidas, não me sinto muito bem, prevejo que meus dias chegaram ao fim. Se o
anjo da morte por crueldade me levar antes que cheguem até mim, saibam que
deixarei escondido um grande segredo o qual só desvendarão quando estiverem em
minha humilde moradia, sobre os cuidados de Dona Joana a governanta.”
--Querida
arrume as crianças e as malas, partiremos amanhã quando o sol aparecer
iniciando um novo dia, assim que a luz tocar as janelas. Disse Damião, curioso
para saber o que estava acontecendo e ao mesmo tempo com sua face de tristeza
por saber que seu amado tio poderia não estar mais vivo quando chegassem.
No
dia seguinte o dia não havia amanhecido como os outros, não havia sol, a
neblina cobria todo o verde bosque, o céu estava escuro, as nuvens eram cor
cinza grafite, estava um dia muito triste, até os pássaros não cantaram, tudo
parecia um vazio como o silencio que ecoava aos ouvidos, nem o vento não
assoviou como de costume. Mas Valentina arrumou tudo como deveria de ser, pois
o café na enorme mesa de pura madeira envernizada; pegou as malas onde coube
apenas o necessário, com roupas pretas para caso de luto, era a triste
realidade do dia. Então partiram pela longa e interminável estrada de terra rumo ao leste, onde localizava-se Montanhópolis.
...(Continua)
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