terça-feira, 14 de junho de 2016

Conto

       O segredo de Florêncio. (Parte 1)





Há alguns anos atrás, em uma casa grande, mais se parecia com uma mansão, com muitos quartos, muitos salões; vendo-a de longe era um enorme castelo de cor marrom claro quase caramelo, rodeada por enorme e sombrio bosque, de arvores compridas que quando caiam as folhas á noite á luz da lua iluminadas faziam danças na sombra como um balé de fantasmas, ao vento. Morava um casal e seus dois filhos; a mãe chamava-se Valentina, era uma bela jovem com seus trinta e cinco anos, tinha uma pele macia e clara, cabelos escuros, olhos cor de um lago azul iluminado à luz do sol; seus lábios eram naturalmente rosados, seus gestos muito leves como de uma princesa da Inglaterra, sua voz sempre branda, como a brisa leve e calma que confortava a todos que a ouvissem. O pai por nome Damião parecia um príncipe, vestia-se sempre com um casaco de pele; muito bonito tinha cabelos amarelos como o puro mel, seus olhos eram escuros como duas jabuticabas maduras, tinha uma voz grossa, às vezes muito assustadora, usava um chapéu sobreposto à testa que quando curvado o pescoço seus olhos escondia. Os filhos de suas entranhas, eram estranhamente uma mistura dos dois um tinha por volta de seus sete anos de idade, chamava-se Antony um pequeno menino franzino de cabelos castanhos claro, seus olhos detinham cores diferentes, de um lado de sua face, o direito era verde, do outro, o esquerdo cor de mel. Ângela, a menina, tinha por volta de seus cinco aninhos, era calada, sua face sempre fechada, parecia não gostar de nada, seus cabelos eram estranhamente parecidos com de seu irmão, um pouco cumpridos, os olhos eram a Xerox do irmão e seus lábios haviam sido doados pelos genes de sua amada mãe.
Um dia eles receberam uma carta que vira em papel antigo com marcas de dedos, escrito aparentemente à mão com tinteiro de pena, estava enrolado como um pergaminho e amarrado com fita de cetim de cor verde musgo, foi entregue pelo carteiro que vinha muito pouco á mansão, o casal não recebia muitas correspondências. Valentina foi quem o recebeu:
--Veja Damião uma carta de seu tio Florêncio! Não o vemos há tantos anos!
--O que diz meu velho tio?
--Está escrito aqui:
“Meus caros sobrinhos;
    Sei que vocês não têm muito tempo para visitar seu velho tio, por isso não os culpo pelos anos sem virem até Montanhópolis, mas saibam que eu solicito a presença de vocês para um ultimo jantar de despedidas, não me sinto muito bem, prevejo que meus dias chegaram ao fim. Se o anjo da morte por crueldade me levar antes que cheguem até mim, saibam que deixarei escondido um grande segredo o qual só desvendarão quando estiverem em minha humilde moradia, sobre os cuidados de Dona Joana a governanta.”
--Querida arrume as crianças e as malas, partiremos amanhã quando o sol aparecer iniciando um novo dia, assim que a luz tocar as janelas. Disse Damião, curioso para saber o que estava acontecendo e ao mesmo tempo com sua face de tristeza por saber que seu amado tio poderia não estar mais vivo quando chegassem.
No dia seguinte o dia não havia amanhecido como os outros, não havia sol, a neblina cobria todo o verde bosque, o céu estava escuro, as nuvens eram cor cinza grafite, estava um dia muito triste, até os pássaros não cantaram, tudo parecia um vazio como o silencio que ecoava aos ouvidos, nem o vento não assoviou como de costume. Mas Valentina arrumou tudo como deveria de ser, pois o café na enorme mesa de pura madeira envernizada; pegou as malas onde coube apenas o necessário, com roupas pretas para caso de luto, era a triste realidade do dia. Então partiram pela longa e interminável estrada de terra  rumo ao leste, onde localizava-se Montanhópolis.


...(Continua)

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