segunda-feira, 27 de junho de 2016

Larissa

Có- Coró-Có-Có, o galo bonachão cantou antes mesmo dos primeiros raios solares brotarem no céu. Os olhos de Larissa nem sequer mexeram, porém uma campanhia soou em seus sonhos. Novamente o bicho pomposo de penas alvas e reluzentes cantou. A menina desta vez já tem seus olhos semi abertos porém ainda reluta em despertar-se por completo. O dourado do Sol já está adentrando as frestas da janela de seu quarto e o galo mais uma vez dá bom dia ao dia.
O Cheiro amargo do café já vinha da cozinha e Larrissa se viu mais que obrigada a abrir seus olhos que no momento estavam mergulhados num azul profundo. Hoje ela não iria à escola, mas teria que ajudar sua mãe nos afazeres da casa que estavam se acumulando a cada dia.
Saiu da cama, caminhou pelo corredor ainda mal iluminado e foi até o banheiro que era modesto contudo a água era agradável. Sua mãe a esperava na cozinha com um café da manhã feito no velho fogão a lenha, judiado pela guerra, já cheio de remendos.
No momento em que os cabelos cor de mel, esvuaçantes e um par de olhos azul céu, entraram na cozinha, a mãe que era alta como seu avô, de cabelos amarelo opaco de tanto trabalhar em baixo do sol escaldante, logo foi falando para Larissa se apressar pois a lista de tarefas que tinha a fazer, estava enorme.
 Enfim, Larissa rapidamente se alimentou naquela cozinha aquecida pela lenha e logo pegou no batente. Com apenas 9 anos, já sabia passar roupas como ninguem e foi para o quintal com o ferro em mãos e dois latões enormes cheios de roupa.
Já haviam se passado umas duas horas nesta labuta. O sol já estava alto no céu clariando e sufocando a todos. Foi neste instante de inconstância, que a menina, já muito cansada escutou vozes de outra criança. Logo ela se animou, pois sabia que era sua vizinha da mesma idade que estava brincando, mas ao mesmo tempo, seus olhos se entristeceram por saber que dalí não poderia sair.
Sua vizinha Melissa, debruçou no muro que estava prestes a cair e chamou Larissa para brincar. Ela fez que não com a cabeça e voltou a cumprir com seu afazer. Melissa insistia a todo momento, pois queria alguém com quem se divertir, até que Larissa não resistiu e resolveu brincar somente meia hora enquanto sua mãe estava ocupada lá dentro.
As meninas se divertiram a valer com cantigas de roda, bonecas, livros de estórias, até que passado mais tempo do que elas haviam planejado, escutaram a mãe gritar por Larissa e se aproximar do local. Seus olhos envermelharam-se de medo e angustia, pois sua mãe iria castigá-la por ter deixado o serviço de lado para brincar. Foi então que Melissa teve mais uma de suas ideias, que nem sempre eram boas para despistar a mãe de Larissa, mas naquele momento valia tudo. Pegaram a roupa que estava sem passar e as jogaram no terreno vazio ao lado para assim fazer de conta que Larissa já tinha passado tudo e não restava nada.
Minha filha já é tempo de ter terminado com a roupa, vamos para outro afazer. Então ela notou que a pilha de roupa passada estava pequena e desconfiou de algo mas nada falou,
As duas meninas deram uma risadinha e sem que a mãe percebesse nada, logo foi entrando em casa, e foi quando o papagaio Genaro saiu voando fugido da gaiola e foi para o lote vazio. Como a mãe adorava o bichinho verde e falante, saiu correndo atrás dele e ao chegar no terreno se deparou não só com Genaro, mas também com uma montanha de roupas as quais ela conhecia muito bem.
Cega de raiva, passou a mão no papagaio, colocou-o dentro da gaiola e armou-se com uma vara de amora e foi em direção a Larissa. Sem dó nem piedade, encheu a menina de varadas que chorava insesantemente rios de lágrimas, mas mesmo com o corpo muito dolorido, foi obrigada a continuar o infindável serviço de casa. Somente parou quando o sol se escondeu atrás das nuvens.
Larissa esquentou seu corpo todo marcado com um banho quente e uma sopa de feijão e foi direto para seu quarto, desejando nunca mais que a escola fechasse e que sua amiga não a chamasse para brincar.

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